Se o turismo foi duramente atingido pela pandemia, o alojamento local não seguiu essa tendência. Só em 20 meses – de Março de 2020 a Outubro de 2021 – o número de pedidos de abertura de novos Alojamentos Locais foi mais do que duas vezes superior ao número de pedidos de término, de acordo com os dados do Turismo de Portugal. Isto demonstra que o sector, embora tenha sido muito afectado pela ausência de turistas, não perdeu força e continua a ser uma importante fonte de rendimento para muitos proprietários de imóveis turísticos.
Em 20 meses de pandemia, registaram-se 4.936 pedidos de cessação de atividade e 11.752 novos registos. O turismo de cidade, mais dependente dos estrangeiros, sofreu a maior quebra. Já o interior, com ofertas adaptadas a uma vida sem grandes contactos, ganhou novo fôlego.
Na realidade, falamos anteriormente sobre o aumento significativo do turismo rural em Portugal. Saiba mais sobre esta tendência neste link.
Para a LovelyStay, uma empresa líder no mercado de gestão de alojamentos turísticos no país, os números são apoiados pelos resultados de 2021. “A nossa taxa de retenção de clientes foi altíssima, muito além do que se esperava, uma vez que ainda estamos a viver uma época de grande incerteza. Além disso, atingimos a importante marca de mais de 450 propriedades no nosso portfólio, excedendo quaisquer expectativas. Este feito mostra que uma estratégia bem definida e uma equipa preparada pode superar qualquer desafio”, comemora o Head of Business Development, Miguel Marinho Soares.
Ainda de acordo com as informações apresentadas pelo Turismo de Portugal, o número de alojamentos locais de Lisboa, muito dependente dos turistas estrangeiros, foi o que mais sofreu com a pandemia. O distrito é o único a nível continental, no período analisado, a ter um número maior de fechos do que de novos registos: 1.397 contra 1.349. Trata-se de uma diferença mínima, mas que, quando comparada com os números da cidade do Porto, por exemplo, ajuda a demonstrar como a pandemia afetou com mais força a dinâmica da capital e seus arredores, tendo também em conta as áreas de contenção da capital que impedem a emissão de novas licenças. O distrito do Porto teve 1673 novos registos e 964 pedidos de cessação de atividade.

Ainda assim, durante toda esta crise a maior surpresa foi o turismo no interior. Confinamento, isolamento, e teletrabalho foram três das palavras que passaram a fazer parte do dia-a-dia de todos. Isto é também verdade no quotidiano do alojamento local. A prova disso são os números dos novos registos em distritos do interior do país. Os dados mostram que, por cada fecho, houve 20 a 40 vezes mais aberturas em Bragança, Guarda, Portalegre e Vila Real.
“É a prova de que, durante o período da covid-19, o interior foi um mercado com um saldo positivo. Não só porque o alojamento local se encaixa com a ideia de uma casa própria, isolada. Foi também por as pessoas não estarem a viajar para o estrangeiro, cresceu o turismo nacional. Muitos descobriram cá coisas espetaculares”, reforça Eduardo Miranda, presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP) à CNN Portugal.
Conheça as variações no número de Alojamento Local de distrito a distrito:
FONTE: CNN Portugal